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Mostrando postagens de 2019

Cultura Visual

     Antes de tratar da Cultura Visual é necessário fazer a distinção dos conceitos de visão e visualidade. No artigo de Pablo Sérvio, chamado O que estudam os estudos de cultura visual? Ele argumenta que a visão seria aquilo olhamos e que o cérebro processa, sendo esse órgão responsável pelo “modo como imaginamos e registramos as aparências do mundo” (SÉRVIO, p.197). Porém nem todas as informações enviadas para o cérebro são processadas, devido ao fenômeno de percepção seletiva, ou seja, damos preferencia ou atenção àquilo que nos chama a atenção de maneira inconsciente, por estímulos que por muitas vezes nem nos damos conta.     Já a visualidade trata da dimensão cultural do olhar, histórica e contextual. Contextualizando a mesma, ela não é igual para todos, pois casa um carrega em si diferentes vivências. Assim, surge a Cultura Visual quando “compreendemos que experimentamos o visual por meio da cultura, por meio de construções simbólicas, como “um sistema de códigos que inter

Uma metodologia didática tomando como base recursos fotográficos e memoriais

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Segundo o texto “Realidades e ficções na trama fotográfica” de Boris Kossoy, temos em mente que a fotografia pode ser um recurso didático muito eficaz, sendo um objeto que carrega e oferece muita informação. Seja para uma pesquisa ou uma aula, é imprescindível uma simples fotografia, para ilustrar ou sustentar o assunto. Dessa forma, podemos usá-la como objeto fundamental para uma aula, por exemplo. Vamos supor que você como professor de artes visuais queira discutir a importância da memória e da pesquisa como processo criativo, e pede para os alunos escolherem um tema para trabalharem. A partir daí os alunos iriam buscar em fotografias caseiras de família, algo que se encaixe no tema proposto. Então, em sala de aula, fariam o exercício de buscar informações sobre a foto e o que ela oferece de informação. Introduzindo o conceito de 1ª e 2ª realidade, buscando informações junto com os alunos e efetuando uma pesquisa fértil e cheia de potencialidade para ser trabalhada num outro tra

Filme: Entre os Muros da Escola

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  D irigido por Laurent Cantet, o filme "Entre os muros da escola", trata de assuntos reais presentes no cotidiano escolar. O professor François Marin, interpretado pelo ator François Bégaudeau, que é também o autor do livro em que a trama foi inspirada, tem como meta fazer com que os alunos além de aprenderem o idioma francês, também quer ensinar os jovens sobre o sentido da ética. Tarefa difícil, ao levar em conta a multiplicidade cultural da classe, pela formação cultura, econômica, racial e relação conturbada entre professor e aluno.   Desde o início do filme é bastante claro o despreparo e a falta de estrutura dos professores e da diretoria da escola. Principalmente, nas reuniões de professores, onde predomina a dicotomia entre "maus alunos" e "bons alunos", criando-se assim, sobretudo para os novos professores, um julgamento prévio e tendencioso a respeito dos estudantes da escola.   O filme trás questões que elucida os problemas do interior

Birthmarked e o ensino doméstico

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O filme “Birthmarked”, dirigido por Emanuel Hoss-Desmarais em 2018, é uma comédia que representa um casal de cientistas tentando acabar com o debate natureza vs. criação, ou seja, eles pretendem descobrir o que realmente molda a identidade humana, seria o seu DNA ou seu contexto? Assim, eles começam sua pesquisa indo morar em um lugar isolado com três bebes de origens diferentes, para tentar cria-los para desenvolver uma personalidade oposta a sua "predisposição" molecular. Dessa forma, os pais cientistas iriam provar de uma vez por todas que a criação é mais dominante que a natureza biológica do ser. Rapidamente, nós como espectadores, percebemos o quão anti ético é este estudo, pois utilizar os próprios filhos como "ratos de laboratório" é um absurdo. Dessa forma, os impactos maléficos que essa experiência esta tendo nos filhos e a completa ingenuidade dos pais a isso é a fonte da reflexão que proponho hoje.  Inicialmente, gostaria de deixar claro a importânci

Escritores da Liberdade

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Reflexão sobre professores brancos inseridos em contextos negros .                   A professora Erin Gruwell é uma professora enserida no subúrbio norte-americano. Ela é nova docente e recém-formada dando aula no primeiro ano do ensino médio. Um dos desafios da professora é conseguir estabelecer contato com esses alunos. Com isso, a professora se encontra em um contexto totalmente diferente de sua vivencia, como ela trabalha em um subúrbio ele encontra pessoas racializadas – no contexto norte-americano- e classe baixa, e se comportam em grupos de acordo com raça e origem sendo alguns desses grupos negros, latinos, asiáticos, hispânicos. Com isso, esses grupos apenas tem contato com seus semelhantes tendo alguns atritos com os outros grupos. Dado isso, uma das propostas da professora é descontruir essa relação vertical entre professor e aluno, e então ela propõe se aproximar e conhecer os alunos, através de uma dinâmica que mostra a semelhanças dos grupos, sintomati

O "mal necessário" do Aprisionamento de Stanford

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O filme “ O Experimento de Aprisionamento de Stanford”, dirigido por Kyle Patrick Alvarez em 2015, é uma película que transcreve um experimento real de mesmo nome para a grande tela. Dessa forma, acredito ser mais coerente discutir o experimento feito em 1971 e seus resultados, pois o filme é basicamente apenas um documentário do ocorrido. Em sequência, pretendo analisar as semelhanças entre a cadeia simulada pela experiência americana e algumas medidas tomadas pelas grandes escolas tradicionais do país. O experimento supracitado pretendia entender como é possível uma instituição corromper as individualidades humanas, portanto o professor Philip Zimbardo conseguiu a aprovação da Universidade de Stanford para simular uma cadeia com 12 guardas e 12 prisioneiros, analisando ao decorrer de duas semanas os efeitos da prisão nos participantes. É importante ressaltar que todos os participantes eram apenas alunos de Stanford que foram aleatoriamente selecionados para um ou outro cargo da sim

Desmundo e a Decoloniadade de Walter Mignolo, sintomas e leituras de vícios brancos.

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“A modernidade não é um período histórico, mas a autonarração dos atores e instituições que, a partir do Renascimento, conceberam-se a si mesmos como o centro do mundo”, declara Walter Mignolo. Com essa citação será iniciada uma leitura critica e analise do filme Desmumdo do diretor Alain Fresnot com o conceito de Decoloniadade de Walter Mignolo. O filme se desdobra no Brasil por volta de 1570, com a chegada de algumas órfãs, enviadas pela rainha de Portugal, com o objetivo de desposarem os primeiros colonizadores, sendo uma delas, Orible (Simone Spoladore), é uma jovem religiosa que se vê obrigada a casar com Francisco Albuquerque (Osmar Prado), que leva para seu engenho de açúcar.             Com isso, o filme trata a questão de forma mais literal possível, uma vez que o enredo trata de uma estratégia colonial de trazer esposas para os colonizadores para não ocorrer miscigenação e assim, manter-se branca essa parcela da população que invadiu terras brasileiras.        

A abordagem triangular colocada em prática

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  Dentro da disciplina de Metodologia do Ensino de Arte, aprendemos que existiram e existem várias metodologias pedagógicas para o ensino, como o tecnicista, a escola nova, a tradicional, a pedagogia triangular, a metodista. Neste texto, trago um exemplo de apenas uma dessas metodologias que vivenciei, dentro de sala de aula, mas que por sua vez não era aluna, mas sim observadora. Uma das experiências que tive dentro de sala de aula foi um grande exemplo da pedagogia triangular, proposta criada por Ana Mae Barbosa. A temática era cultura indígena e de começo a professora introduziu este tema perguntando para os alunos, do 1º ano do ensino infantil, sobre quem foram os primeiros à morarem no Brasil, e como eles eram, etc. Depois, exibiu imagens e vídeos de diversas tribos e suas diferenças entre si, mostrando os grafismos e as tradições de cada etnia, os ensinando as regiões em que cada tribo mora até hoje. Em seguida, trouxe em sala o livro "Você lembra, pai?" escrito por
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Filme: Nenhum a menos   Dirigido por Zhang Yimou, o filme “ Nenhum a Menos ” retrata as condições da educação em uma pequena escola na zona rural chinesa. Ele revela as condições precárias na aldeia de Shuiquan, em que seus recursos são tão reduzidos que se faz necessário preservar e não desperdiçar o giz.   O filme se dá início quando Gao, titular da escola, retira um tempo para cuidar da sua mãe doente. Encontra-se dificuldade de encontrar um substituto para esse cargo e que aceite trabalhar naquelas condições. Eles então contratam a única voluntária, Wei Minzhi, de apenas 13 anos, que mal tem recursos intelectuais para transmitir aos alunos. Na verdade, ela mesma só cursou o primário. Ela é chamada para das aulas durante um mês. A turma é bastante mista, as crianças aparentam ter diferentes idades.   A metodologia inicial da jovem a início incide em bloquear os alunos na sala de aula e em guardar a porta por fora. A única preocupação de Wei era de não permitir que ne

Capitão Fantástico: Filme

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    Lançado em 2016, dirigido e escrito por Matt Ross, o filme "Capitão Fantástico" conta a história de uma família que vive num recanto natural em isolamento, alternando tarefas como o cultivo e caça do seu próprio alimento, muitas atividades físicas e estudos gerais.  A educação dos seis jovens está ao encargo dos pais,  Ben e Lily Cash  sobre um modelo de estudo alternativo que importa diversas áreas do saber (t odos desenvolvem suas aptidões; leem livros de variados gêneros, aprendem a argumentar e falar numerosas línguas).      Quando a mãe  se suicida vítima de depressão e bipolaridade,  as circunstâncias fazem com que a família precise voltar ao "mundo real", onde o impacto é inevitável. A  fim de marcar presença no funeral de  Lily ,  a família embarca numa viagem  contrariando os desejos de  Jack , o sogro de  Ben. A origem do  impasse se dá, pois, Lily era budista e desejava ser cremada, ao invés de sepultada.   No decorrer da viagem , f

Uma relação entre a condição de coloniado com a possibilidade do transformar na educação

                Desde sempre fomos fadados a valorizar tudo aquilo que vêm de fora. A forma como a gente pensa a nossa realidade é dita por outros e não por nós mesmos, pois incorporamos coisas que são do outro tornando-as nossa cultura, contexto e por aí vai. Esse poder que damos para o outro nos coloca na condição de coloniado, originando um padrão a ser seguido.                 Quando levamos essa reflexão à educação, percebemos que a base é feita através deste padrão. Onde o que vêm de fora é o “modelo” e o que está dentro é o “poder transformar”. É aí que entra a cooperação, e a função do educador. A falta de conscientização sobre tal contexto nos deixa com pouca valorização em nós mesmos, na nossa cultura e potencialidade. O educador precisa conseguir identificar aonde e como o padrão (eurocêntrico, branco e hétero) está presente no dia-a-dia e na escola. Com isso, ele tem a chance de mostrar para “o outro” que existem outras formas de pensar, existir e agir; várias possibilid

A educação escolarizada

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  A escritora e cineasta Carol Black, lançou em 2010 o documentário  Escolarizando o mundo: o último fardo do homem branco , uma crítica à educação ocidental que tem sido instalada no sudeste asiático. O documentário se inicia e se encerra com uma musica chamada Little Boxes  (Caixinhas), de Malvina Reynolds. Levando-nos a questionar esse modelo de educação em caixinhas, que tende a globalizar a educação.      Em uma primeira observação, ele expõe e denuncia o processo de etnocentrismo, a dominação quando uma cultura se sobrepõe a outra, evidenciando a cultura ocidental. Revela-se sempre a vontade de redução da diferença e da alteridade. Levando a uma homogeneização da cultura, causando danos muitas vezes irreversíveis àqueles indivíduos. Isso pode se assemelhar a missão dos propagadores militantes da fé cristã em contato com os indígenas, esses missionários percebiam a diferença do outro, colocando-o em uma posição inferior a sua e por esse motivo em certo grau de otimismo obrig

O menino que descobriu a importância do ensino contextualista

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O menino que descobriu a importância do ensino contextualista.   O livro "Arte- Educação: Conflitos e Acertos" da educadora Ana Mae é um grande recurso teórico para a educação em arte, desta forma, vamos utilizar as informações fornecidas em seu segundo capítulo ( O debate conceitual e metodológico) para estruturar as relações entre o ensino contextualista e o filme "O menino que descobriu o vento". Primeiramente é importante entender que a abordagem de ensino contextualista, enfatiza as consequências instrumentais da arte na educação, baseando as dinâmicas de ensino nas necessidades (sociais ou psicológicas) da criança. Dessa forma, entende-se que este tipo de abordagem deve ser feita depois que o/a professor(a) diagnosticar quais são as ânsias dos alunos, e apenas depois do reconhecimento,  começar a questionar quais seriam os trabalhos artísticos possíveis de serem feitos para causar uma experiencia transformadora. Nos textos acadêmicos sobre o ensin