O menino que descobriu a importância do ensino contextualista



O menino que descobriu a importância do ensino contextualista. 

O livro "Arte- Educação: Conflitos e Acertos" da educadora Ana Mae é um grande recurso teórico para a educação em arte, desta forma, vamos utilizar as informações fornecidas em seu segundo capítulo ( O debate conceitual e metodológico) para estruturar as relações entre o ensino contextualista e o filme "O menino que descobriu o vento".

Primeiramente é importante entender que a abordagem de ensino contextualista, enfatiza as consequências instrumentais da arte na educação, baseando as dinâmicas de ensino nas necessidades (sociais ou psicológicas) da criança. Dessa forma, entende-se que este tipo de abordagem deve ser feita depois que o/a professor(a) diagnosticar quais são as ânsias dos alunos, e apenas depois do reconhecimento,  começar a questionar quais seriam os trabalhos artísticos possíveis de serem feitos para causar uma experiencia transformadora.

Nos textos acadêmicos sobre o ensino contextualista, constantemente o termo "ensino essencialista" é utilizado como uma tese contraposta a primeira. Com isso em mente, iremos explicar o que significa esta outra abordagem educacional, de forma que isso facilite suas futuras pesquisas sobre o assunto. Portanto, o que é o ensino essencialista? Este método de ensino considera principalmente a função da arte para a natureza humana em geral, e  que o conhecimento artístico é essencial a compreensão total de si e do mundo, portanto não é quase um absurdo ter que justificar a importância do ensino de artes nas escolas.

Agora que as duas abordagens de ensino apresentadas no texto da Ana Mae já foram conceituadas, é possível fazer as ligações entre esses termos e o filme "O menino que descobriu o vento", que estreou recentemente na plataforma de filmes online "Netflix". Caso você não tenha visto o filme ainda, recomendamos que você o faça antes de continuar a ler este texto, porém se isso não for possível, esta é uma breve sinopse da obra: "Ambientado em Malawi, o menino que descobriu o vento traz a historia de Willam, que após ver seu vilarejo ser esquecido pelo governo e praticamente destruído pelas chuvas e as secas, tem uma grande ideia que pode salvar a todos".

No inicio do filme Willam recebe um uniforme de surpresa dos seus pais, e logo percebe que esse gesto representa o inicio da sua trajetória escolar, então ele coloca rapidamente as roupas e corre sorridente para aula. Quando ele chega no local, a primeira percepção que temos da escola é uma de autoritarismo, ilustrada pelo diretor falando em tom afirmativo e todos os alunos ouvindo em filas lineares. Essa noção é ainda mais agravada quando começa a chover e nenhum aluno sai do lugar até que o diretor permite a ida a sala de aula.

A chuva que tinha começado naquela tarde, foi apenas o inicio de um longo período de tempestades que destruiu a maioria das plantações da cidade, e consequentemente, a maioria das famílias no local perderam seu dinheiro e sua comida. Dessa forma, os pais de Willam não puderam pagar a escola e o menino foi expulso, com o passar do tempo, a escola foi perdendo tantos alunos que acabou falindo.

Porém, mesmo com todas essas adversidades, o menino Willam continuou a ir na escola, ainda que escondido, para aprender sobre tudo que ele tivesse alcance. Até o dia que ele viu a luz da bicicleta de seu professor funcionar apenas com o movimento da pedalada, e assim nasceu uma curiosidade que depois virou projeto e por fim um gerador de energia eólica.

Com essas cenas em mente, qual a imagem que podemos montar da escola que Willam frequentava? A de um local autoritário, impiedoso e principalmente desconecto com a sua comunidade. Isso é perceptível, pois em nenhum momento, durante todo o filme, vimos algum professor fazendo  relações de suas matérias com a vida do vilarejo, nem a agronomia é comentada, que é a atividade principal da área. E depois da tragedia climática e a diminuição de renda de quase todos os cidadãos, a escola não tenta criar uma solução, nem é dado um prazo estendido de pagamento.

Dessa forma, não é difícil de imaginar como uma educação contextualista poderia ter sido rica em uma ambiente como este. Um diagnostico social dos alunos teria percebido as suas preocupações com a agronomia, as delicadas relações sociais e familiares dos alunos, como também o medo advindo da situação politica do local. Com esse conhecimento, os professores e coordenadores poderiam ter recontextualizado suas aulas para que elas façam sentido com a vida dos alunos, tentando até reconecta-los com suas culturas e histórias antepassadas que estavam já a muito tempo esquecidas.

Exercício: Se você fosse um/uma professor/a  na escola do Willam, qual aula você daria? Ela se relacionaria com o cotexto social ou psicológico dos alunos? Como?

-Deixe suas respostas ou opiniões nos comentários abaixo,

Maria Rosa de Paiva Cardoso
31/03/2018





Texto usado de referencia: BARBOSA,Ana Mae. Arte-Educação: Conflitos e acertos. São Paulo: Max Limonad, 1985. p. 52-59.

Link para leitura do capítulo dois do livro "Arte- Educação: Conflitos e acertos": https://drive.google.com/open?id=1ViXMwjk75iVc-BhbbeTJat2N6mgphiLT

Comentários

  1. Seria uma professora contextualista trabalhando com a realidade do campo e com os artistas locais, mas trabalharia com outras referencias de arte tb. Referencias estas de outros lugares e países.

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