Uma relação entre a condição de coloniado com a possibilidade do transformar na educação


                Desde sempre fomos fadados a valorizar tudo aquilo que vêm de fora. A forma como a gente pensa a nossa realidade é dita por outros e não por nós mesmos, pois incorporamos coisas que são do outro tornando-as nossa cultura, contexto e por aí vai. Esse poder que damos para o outro nos coloca na condição de coloniado, originando um padrão a ser seguido.
                Quando levamos essa reflexão à educação, percebemos que a base é feita através deste padrão. Onde o que vêm de fora é o “modelo” e o que está dentro é o “poder transformar”. É aí que entra a cooperação, e a função do educador. A falta de conscientização sobre tal contexto nos deixa com pouca valorização em nós mesmos, na nossa cultura e potencialidade. O educador precisa conseguir identificar aonde e como o padrão (eurocêntrico, branco e hétero) está presente no dia-a-dia e na escola. Com isso, ele tem a chance de mostrar para “o outro” que existem outras formas de pensar, existir e agir; várias possibilidades, e fazer a diferença.
                Pensando como educadores, nós graduandos em licenciatura na área das artes visuais, podemos fazer ser possível a normalização do “estranho” ou “não igual” dentro da sala de aula, desempenhando um papel de transformador em relação à reação do diferente, tratando como algo comum, “normal”. É de extrema importância ter consciência da pluralidade de culturas e identidades, para que essa tarefa não seja apenas simbólica mas que aconteça de maneira realmente eficaz.
             Junto com a teoria Queer, podemos ter um leque de possibilidades para serem trabalhadas no campo da educação. Ao pensar que as gerações mais novas têm maior feitio flexível para com as diferenças, há uma maior proximidade de questões e desempenhos. Por exemplo, ao assistir o filme “Deus é brasileiro”, pude analisar várias ações estereotipadas que vêm de um certo padrão imposto na sociedade, que se forma com o Outro. Nas falas e em algumas cenas, foi possível identificar um preconceito muito grande em relação às minorias e às diferenças. Se apresentarmos, em aula, tais diferenças como sendo fatos normais do mundo - seja no âmbito da cultura, raça, religião, gênero, etc - apresentando o universo das pessoas em tal contexto, e o que elas fazem e conseguem fazer, pode-se quebrar este preconceito aprendido ao crescer, e fortalecer quem se identifica como tal, conseguindo realizar nossa função cooperativa com a educação. 


Texto escrito por Gabriela Barbano, para a disciplina de metodologia de ensino em arte da UFU, 2019.

Referências: 

LANGER, L.

Decolonialidade como o caminho para a cooperação

Bibliografia: Langer, L. (2013). Decolonialidade como o caminho para a cooperação. [online] Ihuonline.unisinos.br. Available at: http://www.ihuonline.unisinos.br/index.php?option=com_content&view=article&id=5253&secao=431%20 [Acessado 13 Abril 2019].

REVISTA CULT 193

Bibliografia: (Crítica à hegemonia heterossexual: A incorporação da Teoria queer entre nós se iniciou pela educação, uma área afeita à reflexão sobre a formação do sujeito., 2014)

DEUS É BRASILEIRO

Bibliografia: Deus é brasileiro. (2003). [film] Brasil: Cacá Diegues.

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