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Cultura Visual

     Antes de tratar da Cultura Visual é necessário fazer a distinção dos conceitos de visão e visualidade. No artigo de Pablo Sérvio, chamado O que estudam os estudos de cultura visual? Ele argumenta que a visão seria aquilo olhamos e que o cérebro processa, sendo esse órgão responsável pelo “modo como imaginamos e registramos as aparências do mundo” (SÉRVIO, p.197). Porém nem todas as informações enviadas para o cérebro são processadas, devido ao fenômeno de percepção seletiva, ou seja, damos preferencia ou atenção àquilo que nos chama a atenção de maneira inconsciente, por estímulos que por muitas vezes nem nos damos conta.     Já a visualidade trata da dimensão cultural do olhar, histórica e contextual. Contextualizando a mesma, ela não é igual para todos, pois casa um carrega em si diferentes vivências. Assim, surge a Cultura Visual quando “compreendemos que experimentamos o visual por meio da cultura, por meio de construções simbólicas, como “um sistema de códigos que inter

Uma metodologia didática tomando como base recursos fotográficos e memoriais

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Segundo o texto “Realidades e ficções na trama fotográfica” de Boris Kossoy, temos em mente que a fotografia pode ser um recurso didático muito eficaz, sendo um objeto que carrega e oferece muita informação. Seja para uma pesquisa ou uma aula, é imprescindível uma simples fotografia, para ilustrar ou sustentar o assunto. Dessa forma, podemos usá-la como objeto fundamental para uma aula, por exemplo. Vamos supor que você como professor de artes visuais queira discutir a importância da memória e da pesquisa como processo criativo, e pede para os alunos escolherem um tema para trabalharem. A partir daí os alunos iriam buscar em fotografias caseiras de família, algo que se encaixe no tema proposto. Então, em sala de aula, fariam o exercício de buscar informações sobre a foto e o que ela oferece de informação. Introduzindo o conceito de 1ª e 2ª realidade, buscando informações junto com os alunos e efetuando uma pesquisa fértil e cheia de potencialidade para ser trabalhada num outro tra

Filme: Entre os Muros da Escola

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  D irigido por Laurent Cantet, o filme "Entre os muros da escola", trata de assuntos reais presentes no cotidiano escolar. O professor François Marin, interpretado pelo ator François Bégaudeau, que é também o autor do livro em que a trama foi inspirada, tem como meta fazer com que os alunos além de aprenderem o idioma francês, também quer ensinar os jovens sobre o sentido da ética. Tarefa difícil, ao levar em conta a multiplicidade cultural da classe, pela formação cultura, econômica, racial e relação conturbada entre professor e aluno.   Desde o início do filme é bastante claro o despreparo e a falta de estrutura dos professores e da diretoria da escola. Principalmente, nas reuniões de professores, onde predomina a dicotomia entre "maus alunos" e "bons alunos", criando-se assim, sobretudo para os novos professores, um julgamento prévio e tendencioso a respeito dos estudantes da escola.   O filme trás questões que elucida os problemas do interior

Birthmarked e o ensino doméstico

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O filme “Birthmarked”, dirigido por Emanuel Hoss-Desmarais em 2018, é uma comédia que representa um casal de cientistas tentando acabar com o debate natureza vs. criação, ou seja, eles pretendem descobrir o que realmente molda a identidade humana, seria o seu DNA ou seu contexto? Assim, eles começam sua pesquisa indo morar em um lugar isolado com três bebes de origens diferentes, para tentar cria-los para desenvolver uma personalidade oposta a sua "predisposição" molecular. Dessa forma, os pais cientistas iriam provar de uma vez por todas que a criação é mais dominante que a natureza biológica do ser. Rapidamente, nós como espectadores, percebemos o quão anti ético é este estudo, pois utilizar os próprios filhos como "ratos de laboratório" é um absurdo. Dessa forma, os impactos maléficos que essa experiência esta tendo nos filhos e a completa ingenuidade dos pais a isso é a fonte da reflexão que proponho hoje.  Inicialmente, gostaria de deixar claro a importânci

Escritores da Liberdade

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Reflexão sobre professores brancos inseridos em contextos negros .                   A professora Erin Gruwell é uma professora enserida no subúrbio norte-americano. Ela é nova docente e recém-formada dando aula no primeiro ano do ensino médio. Um dos desafios da professora é conseguir estabelecer contato com esses alunos. Com isso, a professora se encontra em um contexto totalmente diferente de sua vivencia, como ela trabalha em um subúrbio ele encontra pessoas racializadas – no contexto norte-americano- e classe baixa, e se comportam em grupos de acordo com raça e origem sendo alguns desses grupos negros, latinos, asiáticos, hispânicos. Com isso, esses grupos apenas tem contato com seus semelhantes tendo alguns atritos com os outros grupos. Dado isso, uma das propostas da professora é descontruir essa relação vertical entre professor e aluno, e então ela propõe se aproximar e conhecer os alunos, através de uma dinâmica que mostra a semelhanças dos grupos, sintomati

O "mal necessário" do Aprisionamento de Stanford

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O filme “ O Experimento de Aprisionamento de Stanford”, dirigido por Kyle Patrick Alvarez em 2015, é uma película que transcreve um experimento real de mesmo nome para a grande tela. Dessa forma, acredito ser mais coerente discutir o experimento feito em 1971 e seus resultados, pois o filme é basicamente apenas um documentário do ocorrido. Em sequência, pretendo analisar as semelhanças entre a cadeia simulada pela experiência americana e algumas medidas tomadas pelas grandes escolas tradicionais do país. O experimento supracitado pretendia entender como é possível uma instituição corromper as individualidades humanas, portanto o professor Philip Zimbardo conseguiu a aprovação da Universidade de Stanford para simular uma cadeia com 12 guardas e 12 prisioneiros, analisando ao decorrer de duas semanas os efeitos da prisão nos participantes. É importante ressaltar que todos os participantes eram apenas alunos de Stanford que foram aleatoriamente selecionados para um ou outro cargo da sim

Desmundo e a Decoloniadade de Walter Mignolo, sintomas e leituras de vícios brancos.

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“A modernidade não é um período histórico, mas a autonarração dos atores e instituições que, a partir do Renascimento, conceberam-se a si mesmos como o centro do mundo”, declara Walter Mignolo. Com essa citação será iniciada uma leitura critica e analise do filme Desmumdo do diretor Alain Fresnot com o conceito de Decoloniadade de Walter Mignolo. O filme se desdobra no Brasil por volta de 1570, com a chegada de algumas órfãs, enviadas pela rainha de Portugal, com o objetivo de desposarem os primeiros colonizadores, sendo uma delas, Orible (Simone Spoladore), é uma jovem religiosa que se vê obrigada a casar com Francisco Albuquerque (Osmar Prado), que leva para seu engenho de açúcar.             Com isso, o filme trata a questão de forma mais literal possível, uma vez que o enredo trata de uma estratégia colonial de trazer esposas para os colonizadores para não ocorrer miscigenação e assim, manter-se branca essa parcela da população que invadiu terras brasileiras.